Nayara Nascimento pesquisa os entraves na produção jornalística com perspectiva de gênero no Brasil

A pesquisa de Nayara Nascimento, aluna do PPGCOM da UFMA, trata dos entraves para a perspectiva de gênero na produção jornalística a partir da feminização do jornalismo brasileiro.  Os conceitos parecem complicados, mas Nayara garante que o tema surgiu de um problema prático do dia a dia das profissionais de Comunicação. 

“Gênero sempre me interessou, desde quando eu nem sabia dessas denominações. Por exemplo, quando criança, não aceitava que meninas deveriam aprender a cuidar da casa enquanto os meninos brincavam na rua, ou que minhas bonecas deveriam ser ‘mamães’. Então, muitas questões foram perpassando por minha trajetória no curso de Comunicação Social e, por consequência, pela dissertação”, afirma a discente.

No meio do caminho tinha uma Pandemia 

A proposta para o mestrado era verificar a produção com foco em gênero em portais independentes do Nordeste, porém, a partir da pesquisa exploratória, a pesquisadora notou que isso seria pouco viável e resolveu olhar para os entraves na produção jornalística com perspectiva de gênero. Para ela,  a maior  dificuldade foi fazer o questionário circular em um contexto já saturado por pesquisas online.

“Tínhamos a vantagem de aplicar o survey online, mas era um período em que as pessoas já estavam saturadas de responder questionários pela internet. Adotamos estratégias para driblar boa parte das dificuldades metodológicas e recebemos muita ajuda para fazer o survey circular”, explica Nayara. 

NayaraNascimento Nayara Nascimento (Foto: Arquivo Pessoal)

A partir das variáveis delimitadas, a pesquisa identificou que o principal entrave indicado pela maioria das participantes, para a perspectiva de gênero na produção jornalística, é que essas pautas tendem a ser taxadas como militância. A pesquisa ainda aponta que o ambiente masculino pode inibir que as jornalistas consigam ao menos propor pautas com foco em gênero. Outra questão percebida é que algumas profissionais aproveitam as “brechas” para trazer a perspectiva feminina na produção, como em datas comemorativas do Dia Internacional das Mulheres e Dia das Mães.  

Porque nem toda feiticeira é corcunda, nem toda brasileira é bunda

A motivação que Nayara encontra para prosseguir nessa linha de pesquisa é contribuir de alguma maneira na luta pela superação das assimetrias na sociedade e, de forma mais específica, no jornalismo. “O mestrado significa muito na minha jornada, entendo como um investimento que a sociedade fez nos meus estudos e que eu preciso ter a responsabilidade de dar um retorno. Entretanto, sejam quais forem os meus próximos passos, eu pretendo sempre focar em questões de gênero, contribuir na desconstrução do machismo e do sexismo”, finaliza. 

Defesa

A pesquisa “AS MULHERES DO JORNALISMO BRASILEIRO QUEREM SER OUVIDAS: investigando entraves para a perspectiva de gênero na produção a partir do fenômeno da feminização” tem a orientação da profa. Dra. Camilla Quesada Tavares e será defendida no dia 20 de julho. A banca avaliadora será formada pela Dra. Tamires Ferreira Coelho (UFMT) e Dra. Thaisa Cristina Bueno (UFMA).

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Texto: Otávio Neto

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