Discente do PPGCOM investiga a identidade profissional e negra no jornalismo em Imperatriz

Não se nasce pesquisador ou pesquisadora: torna-se. E para fazer pesquisa, é preciso ter a motivação em investigar um objeto. Em muitos casos, essa escolha vem da curiosidade de entender algo, em outros, nasce da relação pessoal entre quem investiga e o que é estudado. E para Welbert de Sousa Queiroz, discente pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Maranhão (PPGCOM/UFMA), a inquietação de pesquisar as identidades profissional e negra no jornalismo surgiu a partir das provocações da banca de heteroidentificação, no seletivo do mestrado.

Discente Welbert Queiroz decidiu mudar o objeto da sua pesquisa a partir do processo de heteroidentificação no PPGCOM. Créditos: acervo pessoal.

Motivações para a pesquisa

O Mestrado em Comunicação da UFMA/Imperatriz teve início em 2019, mas o processo de seleção da primeira turma não incluiu política de Ação Afirmativa. No seletivo seguinte, dos/as mestrandos/as de 2020, houve avanço no edital ao reservar vagas para candidatos/as autodeclarados/as negros/as e indígenas, com o objetivo de contribuir com a democratização e diversidade nas universidades brasileiras, em especial ao nível da pós-graduação.

A implementação das cotas étnico-raciais impactou diretamente o ingresso do jornalista negro Welbert Queiroz no PPGCOM, mas também mudou os rumos da pesquisa do mestrando. A partir das provocações lançadas pela banca de heteroidentificação, na qual o candidato é avaliado pelo critério fenotípico de acordo com os termos da Portaria Normativa nº 04, de 6 de abril de 2018, Queiroz se sentiu instigado a pesquisar questões raciais na dissertação.

As discussões pautadas na comissão avaliadora foram estímulo para o pesquisador, enquanto negro, trazer essas questões ao campo do jornalismo e perceber como as identidades negras, que muitas vezes passam por um processo de silenciamento, estão se manifestando em seus diversos aspectos.

Welbert Queiroz acrescenta que o racismo estrutural no Brasil faz parte das suas inquietações e interesses ao longo da vida acadêmica, sendo também um fator fundamental na escolha do tema “Identidades profissional e negra no jornalismo em Imperatriz” na pesquisa do mestrado. “Decidi juntar tudo isso ao método de pesquisa acadêmica para devolver essa contribuição ao campo jornalístico e à sociedade”, afirma.

Pesquisador pretende investigar as identidades profissional e negra no jornalismo em Imperatriz. Créditos: acervo pessoal.

Desafios para pesquisar

De acordo com Welbert Queiroz, fazer parte do PPGCOM/UFMA é um privilégio único. O mestrando comemora a oportunidade de realizar o sonho de se aproximar cada vez mais da pesquisa e se tornar pesquisador. “O mestrado me oferece o suporte para que eu possa, junto com os demais pesquisadores, participar desse processo de construção do conhecimento”, pontua.

No processo da pesquisa acadêmica o caminho não é fácil, e é importante abrir espaço de reflexão sobre os desafios encontrados diante do contexto atípico da pandemia. Segundo o discente, a principal dificuldade enfrentada é a necessidade de conciliar trabalho e estudo. Com a diminuição dos rendimentos da família na crise econômica, somado aos gastos da sua reserva financeira e sem contar com bolsa de pesquisa, o mestrando precisou retornar ao mercado de trabalho para se manter.

Em relação ao desenvolvimento da pesquisa, a preocupação é a coleta dos dados que seria feita em campo, mas com as restrições de contato presencial foi necessário se adequar ao online. Segundo o pesquisador, as aulas remotas também têm sido difíceis, pois Queiroz acredita que a universidade, de forma geral, não estava preparada para o formato do Ensino à Distância (EaD). “Tivemos que mudar na prática sem nenhum preparo e isso tem me afetado muito, principalmente quanto ao rendimento”, sinaliza.

Na superação dos desafios, o mestrando indica que é preciso se dedicar aos estudos. “Correr contra o tempo, pois tivemos semestres concentrados que quebrou todo meu cronograma. Negro, pobre e nordestino não tem opção, a gente só segue em frente e continua nadando contra a maré!”, avalia.

Ao longo dessa trajetória, receber apoio se torna essencial diante dos problemas enfrentados. Welbert Queiroz destaca o suporte da orientadora, Profa. Dra. Letícia Cardoso, que mesmo com a maternidade tem conseguido prestar assistência necessária ao mestrando no desenvolvimento da pesquisa.

Para finalizar, o jornalista aponta outras contribuições: “principalmente a professora Roseane Arcanjo Pinheiro, que foi minha coorientadora nesse período de recesso, e até hoje está me auxiliando inclusive no meu estágio docente. Minha mãe acadêmica! E a toda minha família que tem me prestado apoio psicológico, sem eles talvez eu tivesse ficado pelo caminho como ocorreu com alguns colegas”, conclui.

Trajetória acadêmica

Welbert Queiroz possui uma relação de longa data com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), campus Imperatriz. Nessa instituição, o pesquisador se graduou em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, se especializou em Assessoria de Comunicação Empresarial e Institucional e atualmente faz parte da segunda turma do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM).

O currículo do jornalista ainda inclui uma especialização em Docência do Ensino Superior pelo Instituto de Ensino Superior Franciscano (IESF) e a participação no grupo de pesquisa Observatório de Experiências Expandidas em Comunicação (ObEEC).

Sobre trabalhos desenvolvidos, o pesquisador é coautor do artigo “Uma conversa com o leitor: entendendo as preferências do público a partir dos rastros de navegação na fanpage do Jornal Correio Popular de Imperatriz (MA)“, escrito em parceria com as professoras Dra. Marcelli Alves da Silva e Dra. Thaisa Cristina Bueno, e publicado na revista Biblios, em 2017.

Em 2021, a pesquisa “Identidade negra: construção da identidade profissional dos jornalistas negros” foi aceita na V Jornada Interdisciplinar do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Sociedade da Universidade Federal do Tocantins (PPGCOMS/UFT). O trabalho mais recente é intitulado “Para o estado da arte: investigação em teses sobre história e identidades profissional e negra no Jornalismo”, elaborado pelo mestrando e as professoras Dra. Letícia Conceição Martins Cardoso e Dra. Roseane Arcanjo Pinheiro, no XIII Encontro Nacional de História da Mídia.

Clique aqui para conferir o Lattes do mestrando Welbert Queiroz e acompanhar suas pesquisas.

Por Nayara Sousa