Assédio nas redações jornalísticas de Imperatriz é tema de pesquisa desenvolvida no PPGCOM

Casos de assédio podem acontecer em diversos locais, em casa, na rua e também no ambiente de trabalho. A pesquisa “Trabalho sem Assédio”, promovida pela plataforma LinkedIn e a consultoria de inovação social Think Eva, realizada com 381 mulheres com o objetivo de traçar o cenário do assédio sexual em ambientes profissionais, atestou um dado preocupante: 47, 12% das participantes já foram vítimas de assédio sexual, o que corresponde a quase metade das entrevistadas. Destas, uma a cada seis pede demissão do trabalho após passar por um caso de assédio e 35,5% afirmam viver sob medo constante.

Pensando nesta problemática e trazendo para o contexto de Imperatriz, a mestranda em Comunicação, Janaína Amorim, decidiu pesquisar sobre o assunto na rotina das redações jornalísticas da cidade. A pesquisa é orientada pela Prof. Dra. Thaisa Bueno. O objetivo da dissertação é compreender quais os impactos do assédio, tanto na rotina de trabalho quanto na vida das profissionais. “A ideia é evidenciar os casos de assédio praticados nas redações da cidade, como eles ocorrem e identificar o perfil dos assediadores e também identificar como as empresas lidam com esse crime”, diz.

“Todas as mulheres que ouvimos já foram vítimas de assédio sexual e percebemos que o assédio traz um impacto para a rotina jornalística”, diz Janaína

O interesse de Janaina em pesquisar sobre assédio partiu de uma inquietação pessoal da jornalista ao atuar no mercado de trabalho. Segundo ela, nos bastidores das redações, o assunto era recorrente entre as colegas. Além disso, a mestranda destaca que no ambiente acadêmico, percebeu que há uma ausência de estudos que trabalhem o assédio como enfoque central no âmbito. “O assunto é pouco discutido, tanto pela academia quanto pelo mercado. Fizemos um levantamento exploratório, entre teses e dissertações e identificamos apenas um estudo que trata do assédio de forma central”, afirma.

Como resultados iniciais da pesquisa, a mestranda aponta que o assédio é recorrente contra as jornalistas nas redações de Imperatriz. “Todas as mulheres que ouvimos já foram vítimas, de alguma forma, do assédio sexual. E percebemos que o assédio traz um impacto para a rotina jornalística.” As consequências do assédio na prática jornalística, além de afetarem a rotina das profissionais envolvidas, tem implicações no direito à informação. “É importante destacar que o assédio acaba interferindo no direito à informação quando a gente pensa que as jornalistas deixam de pautar determinados assuntos para não serem assediadas. Ou seja, já que o público pode deixar de ser informado no assunto X, ele tem um impacto direto para a qualidade da informação”, destaca Janaina.

De acordo com a pesquisadora, outra prática comum entre as profissionais para evitar os casos de assédio, além dos engavetamentos de pautas, é a troca de profissionais na cobertura de certas temáticas. “Algumas entrevistadas disseram que deixam de pautar determinados assuntos, evitam contato com determinadas fontes ou trocam as pautas entre as jornalistas. Por exemplo: A jornalista “A” costuma ser assediada por “Fulano”, então se cai aquela pauta para ela, ocorre a troca com outra colega para evitar a situação de assédio. Então, a gente percebe um tipo corporativismo que elas usam para proteger umas às outras em situação de assédio. Além dessa situação, também há outras, como repensar a roupa que vai usar para ir ao trabalho”, completa.

O assédio é um problema recorrente, fruto da cultura machista e tem inúmeros reflexões na vida das mulheres e no rendimento no trabalho, dentre eles o estresse, irritabilidade, perda de autoestima, ansiedade, depressão e pedidos de demissão devido às perturbações.  Por isso,  é importante que as mulheres estejam atentas e que esta prática seja denunciada  e também que as empresas em que estas profissionais estão inseridas atuem em conjunto com os serviços de denúncias de violações de direitos humanos, como o Disque 100, oferecendo suporte para as vítimas, de modo que os agressores sejam responsabilizados.

Para saber mais sobre as pesquisas desenvolvidas pela Janaina Amorim, acesse o lattes da pesquisadora.

Frida Medeiros