Aluno do PGGCOM pesquisa a relação entre passividade e hábito de maratonar séries

Na era das mídias digitais e de abundantes opções de entretenimento é cada vez comum o hábito de maratonar séries nas plataformas de streaming. Dentre as mais populares está a Netflix que por meio de uma assinatura paga permite ao consumidor ter acesso a um inesgotável acervo de conteúdos a qualquer hora e em qualquer dispositivo móvel. Mas quais as implicações dessa prática? De que maneira o hábito de maratonar é um consumo passivo dos usuários? Como as plataformas os influenciam a se manter imersos e engajados em torno dos produtos que oferecem?

É o que motiva a investigação acadêmica empreendida pelo discente Lucas Alves, da turma de 2020, integrante da linha de pesquisa Comunicação, Materialidades e Formação Sociocultural do PPGCOM e membro do grupo de pesquisa GamerLab (Games, Gambiarra e Mediações em Rede), coordenado pelo Prof. Dr. José Messias Santos.

A partir dos estudos sobre comunicação multimidiática e tecnologias convergentes, o mineiro formado em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e especializado em Assessoria de Comunicação Empresarial e Institucional pela UFMA, desenvolve a dissertação de mestrado intitulada: “Maratonar é passividade? A relação entre corpo, atenção e tecnologia na plataforma de streaming Netflix”.

Lucas afirma que o interesse pelo tema surgiu após maratonar uma série e refletir sobre como essa prática está integrada ao cotidiano (Fonte: Divulgação)

Para ele, a interdependência entre entretenimento, consumo participativo e convergência midiática são fatores que corroboram com o hábito de maratonar séries e tal processo é alimentado pelo marketing digital. “Quando a publicidade precisou reestruturar suas ações valendo-se do entretenimento, o mundo capitalista não foi mais o mesmo. As marcas passaram a não só oferecer produtos e sim experiências. Numa sociedade hedonista, em que cada um de nós busca mais e mais prazer, o mercado então vem lutando pela nossa atenção”, comenta o discente.

Partindo da ideia de “capitalismo artista”, do pensador francês Gilles Lipovetsky, e de “capitalismo de plataforma”, que se refere aos serviços intermediados por aplicativos, a pesquisa do mestrando propõe compreender como a plataforma Netflix, por meio de algoritmos de monitoramento, competem pela atenção dos usuários e os mantêm sempre engajados para maratonar. Lucas entende que as relações entre consumo e entretenimento estão gradativamente mais ubíquas graças a multiplicidade de opções oferecidas pelo mercado.

Desafios da pesquisa

Para conseguir dar andamento à pesquisa, Lucas acredita que o autocontrole é essencial: “reza a lenda que fazer mestrado não é fácil… imagine em tempos pandêmicos? O segredo é organização e curiosidade pelo tema que escolher desbravar”, aconselha ele. Mesmo com a dissertação em fase de construção, o discente já desponta com trabalhos acadêmicos apresentados em importantes eventos de comunicação, como o Intercom 2020, no qual produziu um artigo em colaboração com o seu orientador.

Quer conhecer mais sobre as pesquisas que Lucas vem desenvolvendo e seus próximos trabalhos em eventos acadêmicos?  Então acesse o currículo lattes dele aqui.

Letícia Barreto